sexta-feira, 25 de setembro de 2009

"Não se preocupe, você está linda."

Enquanto me olhava no espelho, meio que entusiasmado pela dose de álcool que já tinha consumido, com palavras meio desconcertadas ele proferiu um inesperado "Não se preocupe, você está linda." Foi a primeira vez que ele se dirigiu a mim, me vendo como uma mulher (ou uma menina talvez!). Naquele momento, pouca coisa fazia sentido, inclusive a dose de sinceridade de uma frase que não trazia nada de subentendido. Assim como lembro das palavras, lembro também a roupa que eu usava... Uma saia florida em tons de rosa e uma simples camisetinha branca! O que não me chega a memória é o som dessas palavras. É que só depois elas ganharam algum significado. Andamos lado a lado, sem nada conversar e na companhia de outras pessoas que trocavam passos daquele mesmo caminho cheio de areia que acinzentavam os meus pés calçados naqueles alvos chinelos de dedo. Mas não fazíamos idéia do que aquilo significava, porque ali, naquelas circunstâncias, não fazia a menor diferença. Por ironia do destino, ou por determinação dele, estávamos na mesma casa. Me lembro daquele chinelo vermelho e preto que estava lá no meio da casa quando acordei, cheio de areia das ruas daquele pequeno lugar, e senti vontade de lavá-lo. Eu sabia que era dele e sabia que ele agradeceria. E eu queria que ele se dirigisse a mim novamente. Mas não lembro se ele o fez. E não lembro também de como foi a nossa volta pra casa. Sei que depois dali, ele descobriu meu telefone. E eu atendi suas ligações, que não foram muito frequentes nem marcantes quanto a primeira frase. Mas eu gostava de atendê-lo. Não acreditava muito no que eu ouvia, mas só sei que gostava de ouvir. E a frase se repetiu em outros momentos, os passos se encontraram em outros caminhos e finalmente, numa noite de verão os lábios também se encontraram com um beijo. Mas eu não me lembro mais do que aquela noite de fevereiro significou; porque o primeiro passo já tinha sido dado... Aquele "Não se preocupe você está linda", pouco sincero ou verdadeiro demais, tinha se petrificado em minha memória... Ali marca o começo de tudo! E depois do primeiro beijo, vieram muitos outros. Alguns acompanhados de muitas lágrimas e outros de muitos sorrisos. Mas, caminhamos juntos. E construímos o mais importante de tudo... O Amor. E embora as mágoas, as dores, e toda a estranheza dos primeiros beijos e os primeiros passos, bem como a magia daqueles momentos tenham sido levadas pelo vento, sabemos que a vida nos deixou o mais importante. E embora os dias voltem, os minutos são sempre outros. Aquelas primeiras palavras ainda visitam a minha memória e todas as outras, de todos os dias, enriquecem os meus instantes e fortalecem o meu coração. E é só por causa de tudo o que vivemos posteriormente é que aquelas palavras fazem tanto sentido assim.
Monique

2 comentários:

Estava Perdida no Mar disse...

Momentos assim, às vezes valem por uma vida inteira

Monique Santana disse...

E momentos assim, as vezes se petrificam pelo resto da vida!!
Bjão!! ;)